Pub - Drink 20




A dor de cabeça consumia-o fortemente. Não conseguia se concentrar nem fazer qualquer coisa. Havia tomado um analgésico, mas a dor nem se quer tinha aliviado. Por que havia feito aquilo? Bebido. Transado. Discutido.


Como pode ter uma noite tão intensa?


Olhava para a tela do computador sem conseguir formular qualquer coisa. Tudo o que vinha em sua cabeça era: dor, pub, dor, cabelos rosas, dor, Arlequina, dor, bebida, dor, sexo louco, dor, discussão, dor, lábios carnudos e vermelhos, dor, gemidos, dor... Cansado, levantou da cadeira e passou as mãos nos cabelos, apertando a cabeça. Estava ficando louco. Muito louco. Por que tinha que se envolver com aquela menina? Sua vida estava tão em paz e agora tinha arranjado uma bela dor de cabeça.


Nervoso, retirou o paletó e o jogou sobre a mesa de qualquer jeito sem muita paciência. Fechou as persianas da sala deixando-a sendo iluminada apenas pela luz baixa do abajur que ficava num canto da sala. Não estava conseguindo manter os olhos abertos com a luz do sol adentrando o ambiente de trabalho. Com pressa, apertou no botão preto com o desenho de um telefone que ficava no centro do aparelho telefônico ativando o viva voz e até mesmo a voz suave de sua assistente do outro lado da linha, o fez fechar os olhos como se ela estivesse gritando.


- Sim?


- Mei, me trás o remédio mais forte que você tiver para dor de cabeça.


- Certo. - respondeu prontamente.


- Espera. - falou quando percebeu que ela já deslizaria o telefone - Trás dois.


- Dois? - a voz dela vacilou.


- Sim... Dois e um café forte, sem açúcar. Por favor.


- Ta...


- Obrigado.


Ele desliga a chamada e caminha até o aconchegante sofá de couro negro que ficava próximo a porta, senta, apoia os cotovelos nos joelhos e começa a massagear as têmporas com a cabeça baixa. 


Por mais "raiva" que tivesse da menina por ela ter tocado em um assunto tão pessoal, ele se sentia de certa forma mal por tê-la deixado daquele jeito. Quando mais jovem, não era de todo o certo, apesar de ser o mais ajuizado entre os irmãos. Sempre teve casos ou até sexos sem compromisso, mas nada se comparava aquilo. O fato de ter transado com a menina e ter ido embora logo em seguida o deixava mal. Parecia que tinha usado ela, mesmo ela falando que "tudo bem, ele havia gozado e ela também".


Aquele não era o tipo de pensamento que ele queria ter depois de ter ido para a cama com ela.


Mas era.


Era exatamente esse o pensamento que rodava sua mente todas as vezes em que lembrava da noite anterior e começava a pensar se tinha feito o certo. Não. Claro que não. Entregar-se a tentação foi um erro que ele não devia ter cometido e certamente estava parecendo um adolescente idiota pelo modo como havia agido.


Enquanto ouvia a discussão entre sua razão e sua emoção, ouviu batidas na porta e agradeceu por Mei ter sido rápida. Queria logo silenciar seus neurônios e voltar a trabalhar, mas tamanha foi sua infelicidade quando viu a cabeleira negra do sobrinho mais velho surgir na soleira da porta. Ele entrou e o Uchiha mais velho viu que o mais novo trazia nas mãos uma pequena bandeja de prata com um copinho pequeno, mais um grande contendo água e uma xícara com café.


- Querendo se matar? - perguntou estendendo a bandeja para o mais velho.


- Não seria uma má ideia. - pegou a bandeja, depois os comprimidos. Colocou as cápsulas na boca e pegou o copo com água, bebendo metade. Ao vê o restante da água no copo, resolveu tomar o resto.


- Ressaca? - o moreno mais novo sentou próximo ao tio, analisando sua cara - Desde quando você fica de porre?


- Esqueça isso. - Pegou a xícara e bebeu o café. Com os olhos estreitos, ele olha para o sobrinho - Qual o problema?


- Nenhum. Vim apenas para verificarmos a planilha de controle. - dá de ombros, estranhando o comportamento do tio - Se quiser eu volto...


- Não. - com um suspiro, ele termina o café, levanta e passa pelo sobrinho indo até a mesa - Vamos fazer isso.


- Se você diz. - resmungou levantando e sentando na mesa em frente ao tio.


O Madara jogou o paletó nas costas da cadeira e sentou, abrindo as planilhas no notebook e entregou outras impressas ao sobrinho que as pegou e começou a análise de forma minuciosa. Envolvido com a planilha, o sobrinho não notava a inquietação do tio que a cada momento, estalava o pescoço, ou coçava a barba, incomodado. 


Em determinado momento, não conseguia mais formular as coisas direito. A cabeça estava confusa, com as informações retorcidas enquanto seu estomago queimava com azia. Era só o que faltava. Tentava fazer uns ajustes na planilha e acabou se confundindo, tendo que apagar um monte de coisas e começar novamente. Lembrou que havia um jeito de melhorar aquela planilha, mas a fórmula não vinha na sua cabeça. Forçou-se a lembrar, mas a cabeça latejou e ele resmungou. Passou anos da sua vida estudando e trabalhando com aquilo e agora não conseguia lembrar de uma maldita fórmula de Excel... Seria PROCV ou seria PROCH? Soltou um grunhido frustrado por não estar lembrando de algo tão inútil.



- Itachi, qual a fórmula para procurar um valor específico em uma coluna e retornar o valor de uma célula relativa? - resmungou.


- DESLOC. - respondeu no automático, mas logo olhou para o tio com o cenho franzido quando percebeu a pergunta besta que o mais velho havia feito - Sério que você acabou de me perguntar isso?


- É. - resmungou, digitando a fórmula sem dar atenção para o sobrinho.


Mas o Uchiha mais novo estava intrigado. O modo como o tio franzia o cenho, o modo como ele se remexia, resmungava ou até mesmo estalava o pescoço deixava claro que algo o incomodava e não era apenas ressaca. Sabia disso. Já havia passado por várias ressacas e aqueles não eram sintomas de uma.


Intrigado, parou na analisar os papéis em suas mãos enquanto tentava entender o tio, mas o mais velho apenas ficava ainda mais carrancudo. Cansado, resolveu ajudar aquele que o ajudou a vida toda.


- O que houve, tio?


- Nada. - resmungou ainda digitando.



- Vamos lá, Madara Uchiha. - colocou os papéis sobre a mesa e cruzou os braços - Diz ai o que te incomoda tanto.


- Nada. - murmurou olhando rapidamente para o sobrinho.


- Você não me engana, tio. Eu sei quando algo te incomoda e seja lá o que se passa por sua cabeça está te tirando do foco.


- Não está.


- Está sim. - apontou para o computador - Você não evoluiu quase nada e ainda está esquecendo das fórmulas. - encostou as costas na cadeira e suspirou - Sabe, também é função de um sobrinho ajudar o tio.


- Não preciso de ajuda. - olhou para o mais novo, mas este apenas o olhava com as sobrancelhas erguidas, incrédulo - Estou falando sério. - o mais novo apenas piscou divertido com a tentativa falha do tio em mentir - Você não vai me deixar em paz. - resmungou, derrotado.


- Já deveria saber disso. - sorri - Agora fala, o que houve?


- Só... - pigarreou tirando as mãos do teclado e encostando as costas na cadeira - Já fez algo do qual você se arrepende e não se arrepende ao mesmo tempo? - estreitou os olhos.


- Você fez uma merda, não foi? - sorri - Mas sim, já fiz.


- Fiz algo que não me orgulho, mas não me arrependo, exatamente. - tentou explicar, mas acabou suspirando derrotado.


- Você precisa ser mais explicito, tio. Fica difícil te ajudar assim. - reclamou cruzando uma perna no joelho.


- Tudo bem... - pigarreou constrangido, afinal, estava acostumado a dar conselhos para o sobrinho e não ser aconselhado por ele - Lembra daquela garota que falei?


- Sua amiga que você "só vê como amiga"? - arqueou uma sobrancelha divertido já sabendo o final daquela história.


- É... - respirou fundo - Ontem, a encontrei e bem... bebida vai, bebida vem...


- Vocês transaram. - completou com naturalidade - Normal, tio. Você não é gay... - se inclinou para frente - Ou é?


- Estou falando sério, Itachi. - repreendeu.


- Desculpe. - voltou a se encostar na cadeira - Não resisti a brincadeira... Mas continue.


- Enfim... - desviou os olhos do sobrinho, ficava mais fácil contar sua aventura se não lembrasse que era o Itachi ali. Começou a encarar a estante de livros, observando os exemplares - Aquela garota é o capeta em pessoa... Ela não pode ser normal, simplesmente não pode.


- Então foi bom, pelo menos. - respondeu baixo.


- Chamar de "bom" é uma ofensa... Seria algo como... espetacular. - pigarreou, constrangido.


- Ah porra! - o mais novo passou uma mão nos cabelos, instigado, nunca havia imaginado o tio numa situação dessa.


- É... - suspirou ainda olhando os livros, viu um de direito administrativo, lembrava exatamente de quando o tinha comprado - Foi a coisa mais louca, insana e satisfatória que vivi, mas quando terminamos, entre dois há três minutos depois embargamos em uma conversa nada legal .


- Que conversa? - estava intrigado, afinal, dois ou três minutos são quase tempo nenhum depois de um sexo espetacular, geralmente se repete o ato só para ter certeza que aquilo era real.


- Digamos que de alguma forma, entre o sexo e esses três minutos, ela compreendeu que minha vida sexual com a Kure não era algo tão... intenso. - estreitou os olhos ao falar aquilo. Só agora, depois de tudo ter passado, ele realmente começava a imaginar que, não sabia como havia aguentado tanto tempo naquela monotonia.


- Eu sempre imaginei que sexo com a Kurenai deveria ser um porre. - resmungou e recebeu um olhar de repreensão do tio - Desculpa, Tio, mas ela é toda "cheia dos Q's".


- Isso não lhe diz respeito... - olha feio para o sobrinho - Enfim, sem querer ouvir aquilo, afinal, a Kure foi minha noiva por muito tempo e independente de qualquer coisa eu a respeito muito, me vesti e fui embora. Depois de termos brigado.


- Hun... - o Itachi coça a nuca enquanto tenta compreender - Deixa vê se eu entendi: Vocês beberam, transaram, discutiram e você foi embora. Foi isso?


- Exato.


- Cerca de cinco minutos depois? - perguntou incrédulo.


- Sim. - respondeu inseguro, afinal, o sobrinho o olhava com uma cara nada boa.


- Assim? - se inclinou pra frente - Tipo... gozou e foi embora?



- É. - sussurra - Basicamente isso.


- Tio, na boa, você tratou a garota como uma prostituta... - balança a cabeça em desaprovação - Pior! Ao menos com uma prostituta você ainda fica um tempo para poder pagar e tudo o mais.



- Você acha que... - a culpa começou a pesar nos ombros do mais velho.


- Você decepcionou o sangue Uchiha, Senhor Madara. - suspira frustrado enquanto balança a cabeça de forma negativa - Nem a Strip que peguei há dois dias foi tratada com tanta indelicadeza. 


- Itachi... - envergonhado, o mais velho desviou os olhos do sobrinho. Que tipo de homem ele era, afinal? Havia sim feito tudo de forma consciente, sobre efeito da bebida. Ok, mas ainda assim, consciente. 


- Nem vem, tio. Você simplesmente fodeu e foi embora. - suspira, envergonhado - Tks. Tks. Agora essa garota ai deve tá se sentindo um lixo.


- Você acha que... - balbuciou.


- Eu não acho nada... Ela deve estar te odiando nesse exato momento. - dá de ombros - Ou achando que não vale nada.


- Mas ela não é do tipo que se importa com muita coisa. - tenta se defender.


- Ela é mulher, Madara Uchiha. - Itachi levanta, ajeita o paletó, pega os papéis sobre a mesa e balança a cabeça - Como acha que uma mulher se sente depois disso tudo?


Sem ter o que responder, o mais velho apenas vê o sobrinho dá de ombros e sair da sala. Por incrível que pareça, só depois que o mais novo saiu da sala que o mais velho percebeu que a cabeça havia parado de doer. Encostou as costas na cadeira e olhou para o teto pensando. Infelizmente, Itachi tinha razão. Que tipo de homem ele era tendo um sexo maravilhoso com alguém que foi incrível consigo (do jeito dela) desde o inicio e depois indo embora, como se tivesse usando-a apenas para se satisfazer?


Ele soltou um gemido longo ao notar que, havia sido o pior dos canalhas. Que independente de qualquer coisa, aquela menina havia sido para si, o que muitas pessoas não foram em muito tempo: Amiga.


Derrotado, mas carregando-se de coragem, ele decidiu fazer a única coisa que o pouco orgulho que ainda restava o permitia fazer. Ele salvou os arquivos do notebook, levantou, pegou o paletó, vestiu, olhou para o relógio e viu que se aproximava das quatro da tarde. Isso o fez sentir-se ainda mais confiante. Pegou a pasta e saiu da sala. Enquanto caminhava na direção do elevador, viu os olhos de Mei seguindo-o, surpresa e quando ele entrou no elevador e apertou o botão da garagem, ele ousou olhar para ela.


- Se perguntarem por mim, anote o recado, por favor.


- O Senhor ainda volta? - se inclinou por cima da mesa.


- Não. - meneou a cabeça quando as portas fecharam. - Acho que vou precisar de tempo. - murmurou.



















Comentários

  1. Finalmenteeeeeeee
    A pessoa aqui entrou aqui todos os dias esperando por essa atualização
    E que atualização ein !!!!!!

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    Respostas
    1. Kkkkkkk, oun meu Deus *-------------------------------*

      Quanto desespero né haushaushuash'

      Cara, eu tenho um grupo no zap, se vc quiser me passar
      seu contato, te coloco lá porque sempre aviso quando
      atualizo ou quando vou atualizar.

      Excluir
  2. Pergunta fórmula de Excel não é besteira Itachi... Nam ninguém merece é ainda cm dor de cabeça coitado do tio Mad...
    Talvez eu seja criticada, mais não acho q foi p tanto não, não vejo o tio Mad culpado pela discussão pq pelo q me lembro a Sasa tipo sorriu mangou dá forma do sexo dele com a Kurenai, pelo menos acho compreensível ele ter se zangado e vale lembrar que ele msm consciente tava bêbado, então perdeu um pouco a compostura. Atire a primeira pedra quem acha que um HOMEM ia gostar de ser motivo de riso pela forma que ele levava a vida sexual! Eu cm mulher não ia gostar, tio Mad ti entendo estou aqui ti esperando com as flores e chocolate 😚

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