Inalterados - Capítulo 1




Sábado, 26 de abril de 1986, 1:23:00 a.m. hora local, Usina Nuclear de Chernobyl, Pripyat, 18 km a noroeste da cidade de Chernobyl, Ucrânia (Antiga União Soviética). Reator 4.
- Começar teste no reator 4.
Sábado, 26 de abril de 1986, 1:23:20 a.m. hora local. Reator 4.
- Aumento de velocidade da reação!
- Aumento de energia de saída!
Sábado, 26 de abril de 1986, 1:23:40 a.m. hora local. Reator 4.
- Potência do reator aumentando!
- As hastes estão derretendo!
- Desligar reator!
Sábado, 26 de abril de 1986, 1:23:47 a.m. hora local. Em outro lugar na usina.
- Senhor, o reator 4 sofre uma explosão de vapor!
Domingo, 27 de abril de 1986. Jornais do mundo todo anunciam o acidente.
- O mais grave acidente da história da indústria nuclear. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas morreram na Usina de Chernobyl. Só agora, 30 horas depois, as autoridades alertam sobre o perigo.
Quarta-feira, 14 de maio de 1986. Mikhail Gorbachev, último líder da União Soviética.
- O acidente na usina nuclear de Chernobyl atingiu terrivelmente o povo soviético.
* Uma nuvem radioativa/colorida alcançou 1 quilômetro de altura que começou na União Soviética se espalhava pelo hemisfério norte.
* Apenas 3% da radiação escapou do reator. Esses 3% equivale a 200 toneladas de material radioativo. O valor de radiação atualmente na cidade é 10 vezes maior do que a que o ser humano pode aguentar.
* Mais de 31 bombeiros morreram em poucas horas. 132 pessoas foram para os hospitais, mais de 130 mil pessoas tiveram que ser evacuadas da cidade, mais de 28 mil pessoas morreram depois de alguns dias, 5 sobreviventes dos vários funcionários que trabalhavam na usina. Mais de 80 mil pessoas morreram devido ao acidente, contaminadas. Vários adultos e crianças ficaram com deformidades e câncer.
* Dentro do reator existe o material mais perigoso do mundo, o corium. Ele é feito de lava e pesa 1200 quilos, com 2 metros de largura e 1 de altura. O Pé de Elefante (como é conhecido ) tem aproximadamente 10 mil Rgs. Foi construído um sarcófago para “conter” a radiação, mas atualmente, ainda existe dentro do sarcófago que cobre o reator, 97% de radiação.
Ano 2030
Os pés descalços pisavam no chão bem polido e gélido enquanto ela corria. Tudo ao seu redor era exageradamente branco. Os olhos verdes cristalinos percorriam o ambiente em busca de auxílio, mas nada servia. Ouviu passos, falas, pessoas... Olhou para trás pela milésima vez naquele minuto enquanto dobrava mais um corredor. Parou ao se deparar com uma encruzilhada e sentiu os pulmões queimarem enquanto tentava tomar a decisão correta.
Ouviu mais vozes, agora exigindo sua apreensão, em seguida ouviu tiros. Seguiu pelo corredor da direita vendo várias portas. Tentou a primeira que não abriu, tentou a segunda, a terceira... Uma à uma ela ia tentando abrir as portas que estavam todas malditamente trancadas. Dobrou mais um corredor e sentiu o peito apertar. Estava em um corredor sem saída, a única coisa alí era a janela aberta que dava para o lado de fora do prédio.
Virou olhando para trás, se vendo encurralada entre os homens que estavam chegando e a janela. Sentiu o vento que entrava pela única saída dalí e sua garganta secou. Os passos pararam no momento em que ela viu um monte de homens de branco parados à frente dela. Eles possuíam armas, roupas especiais e máscaras. Olhavam-na com olhos afiados e suspeitos.
- Renda-se!
O que estava mais à frente falou enquanto caminhava lentamente na direção dela. Abruptamente, a jovem balançou a cabeça negando e isso fez alguns fios de cabelo balançarem também. Ofegante, com medo, encurralada e desesperada, a mulher fez a única coisa que podia: Virou rápido e lançou o corpo através da janela, caindo em uma queda livre do 17º andar do prédio em que estava.
Seu corpo girou no ar e ela pode ver o homem de branco na janela. Os braços e pernas femininos estavam estendidos por conta do atrito entre o ar e seu corpo, e como se todo o tempo parasse, ela fechou os olhos, esperando o encontro com o chão... e com sua morte.
- NÃO!
O grito feminino ecoou pelo quarto solitário e mal iluminado. Sentiu o suor escorrer pelas têmporas, costas e clavícula, e fechando os olhos, soltou um muxoxo baixo se achando idiota por aquilo. Mais um sonho... Apenas mais um maldito sonho...
Resmungando, afastou o lençol bege de cima do corpo e deslizou para fora da cama. Passando as mãos no rosto e levando-as até os cabelos, puxou os fios com certa raiva para trás e caminhou até a janela no canto do quarto. Com um bocejo, abriu levemente a cortina vendo que o dia começava a raiar. Viu a rua onde morava deserta, sem vida, com seus tons cinza e bege apagados. Tornou a fechar a cortina e voltou a caminhar pelo quarto. Assim que passou em frente ao espelho velho e quebrado, viu seu reflexo e fez careta, vestia uma calcinha branca e uma camiseta de algodão também branca, estava com olheiras, o corte na altura da barriga estava cicatrizando rápido, os cabelos levemente cacheados e róseos que batiam nos ombros estavam emaranhados.
Os pés descalços já acostumados com o frio do início de mais um dia, a levaram para fora do quarto. Enquanto caminhava pela sala rumo a cozinha, viu alguns raios de sol entrarem pela persiana gasta da janela da sala. Foi até o armário e pegou o último pó de café e colocou água em uma panela para ferver. Precisava de café. Aproveitou e pegou no armário pão e um pote de geleia que estava com os minutos contados. Colocou tudo sobre a mesa e foi até o fogão novamente, desligou o mesmo, preparando seu café e colocando-o na única caneca existente na casa.
Preguiçosamente, sentou na também única cadeira da cozinha e passou um pouco de geleia no pão, comendo-o lentamente. Soltou um suspiro olhando ao redor, sua casa... Por enquanto. Estava “morando” em um apartamento localizado no 10º andar de um prédio abandonado, mas o que alí naquela cidade não era abandonado? Desde quando chegou alí só vira mais sete pessoas e duas delas estavam de passagem. Agora se preparava para partir, afinal, não podia ficar muito tempo em um único lugar.
As coisas haviam mudado muito desde a grande explosão, os seres humanos haviam sido quase extintos, os animais também. O alimento era escasso e viver era privilégio. As poucas pessoas que ainda existiam lutavam dia após dia para poder sobreviver, e ela era uma das poucas pessoas (e não sabia o motivo) que era resistente ao perigo. A radiação.
As pessoas sempre asseguraram que Chernobyl estava sob controle, que estava indo tudo muito bem, mas então aconteceu Fukushima em 2011 e em 2020 Chernobyl volta com uma explosão misteriosa e o corium se espalha, país por país, continente por continente, matando as pessoas e causando mutações tão fortes que as tornaram zumbis. As poucas pessoas que sobreviveram, tentavam manter-se o mais longe possível da área contaminada, mas ela não. Ela era resistente a alta exposição radioativa e não sabia o porquê.
Para piorar, sentia-se fora do próprio corpo, da própria personalidade... Tudo o que sabia sobre sí parecia estar incrivelmente errado, algo faltava dentro de sí, havia uma lacuna em suas lembranças... Se tornara uma viajante, tentando sobreviver aos zumbis e também aos homens da C-X, uma organização “secreta” que tinha sua base em algum lugar, com pessoas que faziam experimentos e mantinham outras pessoas presas para os testes e ela, por algum motivo, era caçada por pessoas que trabalhavam lá.
E isso gerava seus pesadelos.
Não ficava mais de uma semana no mesmo lugar, buscava manter-se em movimento e também buscava sobreviventes para ajudar, mas nunca se juntava à nenhum grupo. Não se sentia segura o bastante para isso.
As únicas pessoas que possuía uma ligação eram o Gaara e a Ino (casados), e a Temari e o Shikamaru (enrolados), mas eles não viviam naquela cidade, porém sempre mantinham-se em comunicação, afinal, ela era uma informante, o Gaara e a Ino fornecedores e a Temari e o Shikamaru os estrategistas.
Terminou o café e lavou a caneca, deixando-a em cima da pia antiga. Seguiu de volta para o quarto e seguiu para o banheiro, retirou a pouca roupa e entrou no box mal cuidado, ligando o chuveiro em seguida, sentindo o corpo tremular pela água fria daquela manhã. O banho não durou muito, mas foi o suficiente para levar o suor da noite e lavar os cabelos. Se enrolou na toalha e foi para o quarto onde pegou dentro da mala aberta uma lingerie azul clara, uma calça jeans, botas, uma camiseta preta e vestiu tudo rapidamente.
Aproveitou e arrumou a mala, colocando alí dentro a pouca roupa que possuía, foi até o banheiro e pegou os materiais de higiene e colocou tudo dentro da segunda mala onde ficava os materiais de higiene e pessoal. Arrumou o lençol e colocou na mala, foi até a sala e pegou alí os papéis que havia juntado durante todo o tempo que teve, contendo os dados de todos os acontecimentos e sua agenda, onde anotava tudo o que achava necessário sobre a C-X e tantas outras organizações. Jogou tudo dentro da mochila de costas e indo para a cozinha, pegou a pouca comida enlatada que tinha, um prato, uma panela, uma colher e sua adorada caneca. Colocou tudo dentro da malinha de materiais e olhou ao redor para ter certeza se não estava esquecendo de nada.
Mas estava tudo alí.
Voltou para o quarto e prendendo nas duas coxas e panturrilha coldres onde jaziam armas, aproveitou e colocou o cinto acoplado com munições e facas. Calçou as botas de cano longo, vestiu o sobretudo preto, pegou as luvas de couro e vestiu também. Aproveitou e já amarrou o lenço no pescoço, pegou o capacete e colocou a mochila nas costas.
Sem pestanejar, saiu do apartamento puxando as duas malas de rodinhas escada a baixo. Assim que chegou no térreo, viu sua moto estacionada em um canto e soltou um suspiro aliviado ao saber que ela ainda estava lá. Prendeu uma mala no suporte lateral direito e a outra mala no suporte lateral esquerdo da moto. Tirou a mochila das costas e a prendeu no suporte que ficava no banco traseiro. Tirou as chaves do cinto e subiu na moto. Com maestria, ligou a moto, colocou os óculos de sol que também estava preso no cinto e arrancou do estacionamento daquele prédio abandonado.
Enquanto o motor roncava reclamando da aceleração abusada da jovem mulher, ela sentia o vento bruto bater contra seu rosto. Ainda era cedo, mas ela precisava sair dali o quanto antes, precisava despistar aqueles que a seguiam, mas para onde iria? Essa era a questão. No momento a única certeza era a de que ela iria continuar pilotando pelas ruas desertas daquela cidade abandonada, até achar um lugar para ficar.



~> Continua








Comentários

  1. Amei!!! E o mistério do casal continua.... Ansiosa pelo próximo.

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  2. Nossa cara! Disse cap foi fodaaaa.
    Amei tanto que nem sei o q dizer. Kkkkkk
    Posto logo o próximo!
    Quero maaais.
    *----*

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  3. Mistério total,ansiosa por mais...GaaIno,e ShikaTema são casais,adorei o começo não vejo a hora dos próximos capítulos.

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    Respostas
    1. *------------------------*
      Em breve teremos os próximos capitulos

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  4. Sem palavras😱😱😱
    Essa fic prometeeee muitooo, logo no primeiro capítulo me deixou sem ar .
    Ansiosa pelo próximo capítulo, posta logo 😍😍😍
    #TheBest
    #NumberOne

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